sábado, junho 08, 2002

Me Deixem Ser Louco!

Quando foi a última vez que parei para ouvir o canto dos pássaros?

Quando foi a última vez que parei para ver uma folha cair?

Quando foi a última vez que parei para imaginar animais e seres nas nuvens?

Quando foi a última vez que parei para ouvir o doce som das ondas?

Somos constantemente bombardeados por imagens e sons inaturais.

Querem nos fazer acreditar que estamos sozinhos.

E, quando queremos levantar a cabeça e gritar que isto não é verdade,
Querem nos calar e nos fazer acreditar que isto é apenas loucura, apenas um devaneio.

Loucura?

O que é a loucura?

Apenas um estereótipo de uma sociedade que caminha como marionetes, como gado para o matadouro.

Se gritar aos quatro cantos do mundo o que penso é loucura,
Então quero ser louco, o mais louco dos loucos.

Quero ser louco para simplesmente ficar sentado ouvindo o canto dos pássaros.

Quero ser louco para poder conversar com a folha que cai, perguntar o que ela sente,
E perguntar à árvore se sentirá falta daquela folha.

Quero ser louco para acreditar que as nuvens são feitas de algodão,
E que estou vendo vários animais e seres se alimentando no céu.

Quero ser louco para deixar que as ondas conversem comigo, e eu às responda.

Por que tentam tapar nossos olhos, ouvidos e bocas?

Por que simplesmente não nos deixam apenas sermos loucos?

Será que temem que nós, no auge de nossa loucura,
Possamos derrubar seus pedestais,
De cima dos quais tentam nos manipular e nos conduzir como marionetes?

Ah, sociedade de hipócritas...

Como lamento o caminho que estais seguindo!

Quisera eu poder tirar-te a venda dos olhos, para perceberes o real sentido da loucura!

Mas, sou apenas um louco.

Apenas um louco que não conseguiram bombardear com suas imagens coloridas,
Apenas um louco que não conseguiram manter sentado à frente da TV,
Para controlar minha mente.

Como teria sido fácil se eu simplesmente tivesse sentado à frente dela,
E deixado me inebriar com suas imagens bizarramente coloridas,
Com seus sons infames, suas mensagens banais,
E tivesse simplesmente parado de pensar.

Mas não!

Eu não quis aceitar esta condição de objeto de teus tentáculos,
Não quis me render às tuas imagens, sons...
Não conseguistes, com tua luz bruxuleante da madrugada,
Fazer com que eu fosse mais um na tua coleção de brinquedos.

Ao invés disto, eu quis desligar a maldita tela,
Eu saí da sala, eu fui para as ruas, eu gritei!

Eu quis dizer à todos o que estavam fazendo, mas já era tarde.

Já tínheis conseguido apanhá-los com suas ventosas cerebrais.

Então, como não conseguiram me contaminar,
Fizeram com que todos passassem a me encarar como louco.

E, hoje, sou apenas um cara que viu as vossas caras,
Que viu os verdadeiros propósitos de seus atos,
Mas que é apenas um louco.

Tudo bem!

Então, me deixem ser louco.

Me deixem conversar com os pássaros.

Me deixem gritar para o vento.

Me deixem sair na chuva e me molhar até os ossos.

Eu quero ser louco.

Eu quero ser feliz!
Gostou?
Será Petróleo?